
As crianças crescem. Começam a caminhar, a trepar e a agarrar-se a tudo o que encontram Muitas vezes, para os mais pequeninos, um tropeção é uma queda. E entre tropeções, trepadelas e outras audácias as crianças costumam cair muitas vezes.
Nesses acidentes, uma das coisas que mais preocupa os papás são os golpes na cabeça. E com muita razão, já que durante a infância especialmente nos dois primeiros anos de vida estes traumatismos são muito comuns.
Com efeito, devido ao facto de nesta idade a cabeça ser proporcionalmente maior que o resto do corpo, quando a criança cai e ainda não aprendeu a pôr as mãozinhas para se proteger, é provável que seja a primeira que sofre o golpe.
Se a queda se produz a não mais de 40 ou 50 cm, geralmente o traumatismo costuma ser ligeiro. Mas, quando sucede de uma altura maior ou durante uma deslocação a certa velocidade, por exemplo a andar de triciclo ou a correr, a consequência pode ser mais séria, pelo que é necessário consultar o médico ainda que a criança não tenha sintomas.
O que se passa com os bebés?
Em geral, nos bebés mais pequeninos as fracturas de crânio são pouco frequentes e os golpes não costumam ser demasiado perigosos.
O crânio do lactente é mais elástico que o das crianças mais velhas. Os ossos são mais moles e ainda não estão soldados entre si, pelo que têm certa mobilidade e voltam ao seu lugar sem problemas.
Além disso, em caso de um golpe, a fontanela actua como uma espécie de "válvula de escape" do cérebro, evitando que se comprima contra as paredes internas do crânio e se possa lesionar.
No que diz respeito aos golpes nas fontanelas, se bem que costumem causar maior impressão aos papás, não implicam nenhum risco especial. Pode no entanto haver hemorragias cerebrais (lesões da criança abanada).
Pequenos movediços
A partir do quarto mês, o risco de golpes é maior, já que o bebé começa a rebolar e pode cair do carrinho ou da caminha.
Neste momento, dos factores a ter em conta são o tipo de piso (quanto mais duro, mais intenso será o traumatismo), e a altura de onde se produziu a queda (se cai do móvel trocador de fralda a altura será bastante maior do que se o faz da cama).
Mas a idade em que mais se golpeiam é entre o ano e os dois anos, quando começam a andar, devido ao facto de ainda não terem suficiente estabilidade.
Nestas crianças, os golpes não costumam ser importantes, já que caem da sua própria altura. Nos maiores de dois anos, pelo contrário, as coisas complicam-se dado que os pequenitos começam a trepar e a agarrar-se, por exemplo aos móveis, e podem cair inclusive com o móvel em cima.
Um tropeção é queda
As crianças que estão a aprender a caminhar costumam cair de rabinho. No entanto, quando tropeçam caem para a frente e batem com a cabeça.
Isto deve-se, como já mencionámos, ao maior peso da cabeça, mas além disso porque o reflexo de colocar as mãozinhas à frente é ainda muito precário e nem sempre é o suficiente para travar a queda.
Geralmente, estes traumatismos costumam ser ligeiros. No entanto, se a criança se golpeia contra algum móvel ou objecto, as coisas podem complicar-se perante o perigo de uma fractura de crânio ou outras lesões graves.
Habitualmente, depois do golpe costuma aparecer um inchaço (céfalo-hematoma) no mesmo lugar. Este é só um sintoma externo que não indica a severidade, mas sim a localização do traumatismo. O gelo ajuda a parar o inchaço e alivia a dor.
Os golpes laterais
Quando um traumatismo se localiza no parietal, isto é na parte lateral da cabeça, e ocasiona uma fractura, o risco é que se produza uma lesão na artéria meníngea média.
Nesse caso, pode formar-se um hematoma de rápida evolução que requer solução cirúrgica urgente. Por isso, é frequente que neste tipo de traumatismos o médico solicite uma radiografia de crânio, e em caso de fractura, uma tomografia.
Quedas nocturnas
É comum, especialmente nas crianças que já andam, que se golpeiem quando estão cansadas (pela noite). Por isso, devido à coincidência de situações está cansada e além disso golpeou-se é provável que depois da queda a criança fique sonolenta.
Em geral, se depois de observá-la durante meia hora não se detecta nenhum sintoma, e o seu comportamento é o normal, é porque o golpe não teve consequências.
De todas as maneiras, é necessário considerar desde que altura caiu, que intensidade teve o traumatismo e se o inchaço não é maior do que 2 centímetros.
Se o golpe foi muito forte, convém levá-la a um centro de assistência para ser observada.
Fracturas de crânio
A finalidade da radiografia do crânio é determinar a existência de uma fractura. Embora não haja perda de conhecimento, a fractura de crânio requer sempre um período de observação de pelo menos 24 a 48 horas para descartar a presença de um hematoma intracraniano.
Durante esse tempo, a criança deve permanecer internada. Salvo no caso de "fracturas com afundamento", cuja solução é cirúrgica. Em geral as fracturas de crânio não requerem tratamento específico.
Quando as coisas se complicam
Se depois do golpe o pequenito perde imediatamente o conhecimento, é porque sofreu um traumatismo de grande envergadura que envolve compromisso do sistema nervoso.
Neste caso, é imprescindível consultar o médico, que provavelmente indicará um período de observação internado para comprovar se se produziu algum dano no sistema nervoso central.
Outro sintoma associado a um traumatismo de crânio severo é os vómitos, que também representam um sinal neurológico.
Neste caso, embora não tenha havido perda de conhecimento, também será necessário um período de observação.
Recorde, qualquer sintoma ou comportamento anormal perda de conhecimento, vómitos, confusão, enjoos ou sonolência maior que a normal requer uma consulta médica, um período de observação e, às vezes, alguns estudos complementares.
Os hematomas internos
Em geral, a maior parte dos traumatismos de crânio não requerem outras condutas além da observação. No entanto, em alguns casos, debaixo do lugar do golpe pode gerar-se um hematoma, ou seja, um sangramento que tem um efeito de compressão sobre o sistema nervoso.
E isso sim, constitui uma complicação que se deve tratar. O sangramento pode provir de pequenos vasos e nesse caso vai-se instalando progressivamente ao longo das horas.
Mas também pode emanar de uma artéria grande e instalar-se em poucos minutos, o que, se bem que não seja comum, representa uma urgência.
Estes hematomas não são perceptíveis a olho nu (são intracranianos) por isso requerem estudos específicos, como a tomografia ou a ressonância magnética, e a solução é sempre cirúrgica.
Olhos em compota
Se como consequência de um golpe se formou um hematoma frontal, é possível que com o passar dos dias se produza um hematoma na pálpebra inferior (equimose).
Isto não indica que o traumatismo tenha sido no olho, mas sim que se deve a uma descida do sangue segundo o declive natural.
Dormir ou não dormir?
Usualmente, a perda de conhecimento causada por um traumatismo severo sucede imediatamente após o golpe.
Se bem que sejam muito raras as ocasiões em que os sintomas aparecem de forma retardada, é comum escutar que se deve manter a criança desperta, para evitar que o sono possa mascarar alguma complicação grave.
Se a criança não sofre nenhuma alteração imediata de consciência, vómitos ou outros sintomas, então o traumatismo foi leve e não há perigo de sequelas.
Neste caso, meia hora de observação é suficiente para detectar complicações. Depois desse tempo, podemos deixar a criança descansar tranquila.
Quanto à prevenção...
Diz-se com razão que os acidentes podem ser prevenidos. E um dos lugares onde se produzem com maior frequência é em casa.
Então, porque não começar por aí? Se na família há um bebé, é fundamental ter presente que uma criança que se mexe não pode ficar sozinha, deve ter sempre alguém perto que possa contê-la, porque poderia cair.
Se o pequenito está na cama, também pode acontecer que golpeie a cabeça contra as barras. Neste caso, o uso de amortecedores soluciona o problema.
Outro aspecto importante é ir adequando a infra-estrutura da casa às necessidades maturativas da criança. Por exemplo, se tem mais de 4 meses, é necessário trocar a alcofa por uma caminha.
O pequenito cresceu e tem mais mobilidade, pelo que poderia dar a volta e fazer cair a alcofa. Assim, se o pequenino começou a andar, tente evitar a presença de objectos contundentes ou com arestas ao seu alcance.
Quanto ao andarilho, se a criança cai, irá fazê-lo de cabeça, o que pode provocar um traumatismo severo. E nem falar daqueles andarilhos que saem a rodar pelas escadas...
Na hora do banho
As crianças nunca devem ficar sozinhas na banheira. Ao perigo de queda e golpe contra a dura superfície da banheira, soma-se o risco do pequenito se afogar.
No caso dos mais pequeninos, o banho deverá realizar-se sempre com cuidado, sustendo bem o bebé, especialmente se já começou a pôr-se em pé.
Evitemos os acidentes
Um dos traumatismos mais perigosos e que implica maior mortalidade é o produzido durante um acidente de automóvel.
Uma boa maneira de preveni-lo é colocar sempre as crianças no banco traseiro do automóvel, em cadeiras de segurança, ou com o cinturão de segurança quando tenham idade para utilizá-lo.
Para os que já andam de bicicleta ou em patins, o uso de capacete é um bom hábito, dado que perante uma queda diminui notavelmente a possibilidade de que se produza uma fractura de crânio.
Recorde, uma casa segura e o cuidado e a observação dos seus filhos ajuda a evitar situações perigosas. Não obstante, tão pouco é questão de viver em estado de alerta.
As quedas e os golpes fazem parte do processo de crescimento, e, salvo casos excepcionais, não há motivo para se preocupar. Tudo o que cai, volta a levantar-se... e as crianças também.
ao seu alcance.
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