O que você aprontou dessa vez?
Criança acordada e silêncio em casa? Melhor averiguar. Um minuto de distração é o suficiente para que pequenas catástrofes aconteçam. Saiba como agir diante de “deslizes” que podem comprometer desde a estética capilar até, de fato, a saúde do seu filho
O telefone toca, é da portaria do prédio. No trânsito, estranho a chamada, imaginando que boa coisa não deveria ser. “Oi, dona Deborah, olha, jogaram uns azulejos lá do seu apartamento, felizmente não atingiram ninguém, mas blá, blá, blá…” Seu Zé deve ter continuado a falar, mas eu já não ouvia. Saí de casa deixando meu caçula, Vinicius, então com 3 anos, na companhia de duas empregadas. Mas ele deu um nó em ambas. Na sacada do meu quarto, encontrou uns pedaços caídos do rodapé de ardósia… E achou divertido enfiar as pedras pelo vão da grade. Vinte andares abaixo, os pedaços poderiam ter causado algum acidente grave. Mas, ufa, foi só um susto! E a certeza de que basta um segundo para os filhos aprontarem alguma estripulia, que pode levar ao pânico imediato. De cortar os próprios cabelos a passar trotes para o serviço de emergência, saiba como agir – e o que não fazer – diante das atitudes mais inesperadas das crianças.
Surpresa! Seu filho...
1 …desenhou um lindo retrato da família… no sofá da sala! E com canetinha!
O que fazer A primeira recomendação é: deixe passar a raiva. “Uma criança pequena deve ser punida pelos seus atos, não pelas consequências dele. Isto é, se o desenho tivesse sido feito em outro lugar, as consequências do ato seriam menos graves, mas o ato seria o mesmo”, aconselha a terapeuta familiar Lidia Aratangy, para quem certamente a criança teve “um cúmplice, que deixou essas canetinhas fatais ao alcance de suas mãozinhas”. Sofá, a gente sabe, é um dos itens mais caros no mobiliário e você, obviamente, vai tentar salvar o seu. Para Ana Cristina Albuquerque, consultora e treinadora da rede Lavasecco, o ideal é resistir à tentação das receitas caseiras e não mexer na mancha. “Cada revestimento exige um solvente específico, que vai promover um tipo de reação química e isso deve ser feito por profissionais.” Em alguns casos, há uma falsa impressão de que a mancha saiu, mas o que pode ocorrer é que ela fique ainda mais profunda. José Carlos Larocca, da Elite Lavanderia e presidente do Sindilav (o sindicato dos donos de lavanderias), afirma que é recomendável passar um pano limpo com sabonete, mas só para evitar que a manche se espalhe. O melhor é levar o estofado para um serviço especializado. “Mas tenha em mente que algumas manchas, como de esferográfica, nem sempre saem. Até na lavanderia é difícil de resolver.” Aí, a solução é jogar uma manta para disfarçar a marca.
Controle-se e não... Use um solvente sem que tenha testado antes. Talvez você fique com um problema ainda maior porque ele poderá desbotar seu sofá. Os tecidos de tapeçaria podem sofrer danos irreversíveis se forem tratados com produtos errados. O melhor é gastar um pouco mais e levar para a lavanderia do que perder seu sofá para sempre. Também conte até dez e não saia gritando com seu filho, explique onde ele PODE desenhar. Se a criança for muito pequena, mostre os lugares permitidos e deixe-a ver que o desenho não sai fácil do sofá.
2 …engoliu moeda, bateria, pilha...
O que fazer Se você tiver certeza de que a criança engoliu algo que não deveria, ligue para o pediatra. Ele provavelmente vai pedir um raio X para confirmar se o objeto está no estômago, e não nas vias respiratórias. “Mantenha a calma e leve-a para um pronto-socorro. O objeto aparece no raio X e, se o atendimento não demorar muito, é possível retirá-lo via endoscopia”, esclarece o pediatra Antônio Carlos de Siqueira. Outra possibilidade será esperar ele sair naturalmente. “Tive um paciente que engoliu a chavinha de fenda de um brinquedo. Ele estava dançando com ela na boca, engoliu, foi para o hospital e teve o objeto retirado por endoscopia”, conta Siqueira. Caso o objeto vá parar no pulmão, pode ser necessária uma broncoscopia. O médico alerta que a moeda é menos problemática do que as baterias, que têm componentes químicos de maior risco. Para tentar evitar esse “acidente”, Ana Bontorin, gerente da ONG Criança Segura, diz que a família deve estar atenta. “Tenha certeza de que o piso está livre de objetos pequenos como botões, colar de contas, bolas de gude, moedas, tachinhas. Sem esses ‘inimigos’ por perto, o risco de seu filho engolir o que não deve será drasticamente reduzido.”
Controle-se e não... Tenha um ataque histérico! O desespero, numa hora dessas, só vai deixar a criança com mais medo. Lembre-se de que o que foi engolido sairá, uma hora ou outra. “Nada de dar comida para o objeto descer. Isso é bobagem. E o médico não tem acesso a um estômago cheio”, alerta Siqueira.
3 …colocou você na maior saia-justa!
Controle-se e não... Exagere na bronca. Isso pode deixar as pessoas (e a criança) ainda mais constrangidas. “Não alimente o assunto para tentar consertar a gafe. Fica pior. O melhor é se desculpar (ou a própria criança, se ela for maior) e encerrar o incidente”, sugere Vanessa.
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