segunda-feira, 11 de maio de 2009

Metade das crianças não viajam seguras...

Chegam a ir à solta no carro, ao colo ou na bagageira. Ou usam sistema de retenção mal colocado.
Cerca de metade das crianças (49,1 por cento) transportadas nos veículos que circulam nas estradas portuguesas não estão seguras. Segundo um relatório da Ordem dos Enfermeiros, com base numa operação stop realizada há um ano, 20,1 por cento dos menores circulam sem o sistema de retenção (cadeirinhas, arnês, cinto, etc). Seguiam à solta no automóvel (74,6 por cento), ao colo (8,4 por cento), ou por exemplo «na bagageira», o que permite prever o risco acrescido, perante uma travagem ou colisão, diz o estudo a que o tvi24.pt teve acesso.

A estes 20,1 por cento que não usavam, juntam-se 29 por cento que usavam inadequadamente o sistema de retenção: viajavam à frente sem cinto, com arnês mal colocado, com sistema de retenção não adequado à idade, com o cinto mal colocado, indevidamente virados para a frente, em cadeira mal colocada e sem apoio de cabeça, adianta o documento.

Por exemplo, o facto de a criança usar um sistema de retenção virado para trás pode evitar a morte em nove de cada 10 acidentes.

Verificou-se ainda a presença de outros passageiros e de objectos à solta (ferramentas, malas, brinquedos, guarda-chuvas), o que aumenta ainda mais o risco de lesões para os ocupantes do veículo, em caso de travagens ou colisões.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2004, na Europa, os acidentes foram responsáveis pela morte de cerca de 260 mil crianças e jovens até aos 19 anos, constituindo a primeira causa de morte no grupo etário dos 15 aos 19 anos e cerca de 30 por cento de todas as mortes por acidente em crianças. Por isso, a Ordem dos Enfermeiros mostra-se preocupada com a realidade espelhada no estudo.

«É nossa função contribuir para modificar padrões de conduta culturalmente reforçados por hábitos do quotidiano doméstico», diz a Ordem dos enfermeiros. Por isso, defende que os profissionais devem «desenvolver competências neste âmbito, para participar de forma mais adequada junto das famílias, desde a gravidez, com ênfase nos primeiros dias/meses de vida da criança, intervindo na escola e na comunidade».

«É importante intervir ainda junto dos condutores que efectuam o transporte de crianças e junto dos educadores, de forma a desenvolver atitudes e comportamentos que perdurem pela vida», adianta.

Ficha técnica
O estudo foi do tipo exploratório e a amostra foi constituída por 729 indivíduos, condutores de veículos motorizados, interceptados em Operações Stop, realizadas nas principais capitais de distrito de País: Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Faro, Vila Real, Horta, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Funchal.
O Funchal foi o local onde se registou o maior número de condutores, 29,2% (213), seguido da Ilha de S. Miguel com 12,3% (90) e de Coimbra com 11,8% (86). Destes, 71,6% eram do sexo masculino e 28,4% do feminino, com uma idade máxima de 78 anos e mínima de 18 anos, correspondendo-lhe uma média de 37 anos. A maior percentagem dos condutores possuía a escolaridade obrigatória (38,5%) e a quase totalidade (98,8%), viajava com cinto de segurança realçando-se que todos os condutores do sexo feminino cumpriam esta regra básica de trânsito.
Para registo dos dados foi utilizado um questionário, elaborado para o efeito, que permitia fazer uma caracterização sócio-demográfica do condutor e avaliação, por observação, das condições do transporte dos passageiros, com enfoque para as crianças.

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