
Médicos britânicos criticaram a venda, nos Estados Unidos, de um comprimido placebo, de açúcar com gosto de frutas, que é dado para curar dores infantis. Os comprimidos usam o «efeito placebo», que faz com que as pessoas se sintam melhor por acreditarem que tomaram um medicamento.
Apesar de os médicos americanos não poderem receitar placebos para seus pacientes, nada proíbe a publicidade que apresentam os comprimidos como suplementos de saúde. Cada frasco com 50 unidades custa um valor equivalente a cerca de cinco euros.
Um cientista britânico afirmou que os comprimidos podem fazer com que as crianças confiem demais em medicamentos para o resto da vida. «Se os pais usam placebos para confortar seus filhos, o que lhes estão a ensinar? Que os comprimidos são a resposta para todas as nossas dores e, talvez, para os nossos outros problemas também? Não é aconselhável», diz Douglas Kamerow, médico e editor-assistente da publicação científica British Medical Journal.
Jennifer Buettner, da companhia Efficacy, que fabrica o comprimido Obecalp («placebo» soletrado ao contrário), afirma que existem projectospara fazer publicidade ao produto na Grã-Bretanha. Buettner diz que os comprimidos comercializados pela empresa estimulam o corpo a «curar-se sozinho».
Confiança
Para Douglas Kamerow, os comprimidos são uma "«péssima ideia» porque, quando as crianças crescerem o suficiente para perceberem que foram enganadas, a confiança nos pais pode ser prejudicada. «Não acredito na teoria de que dar um comprimido de placebo a uma criança é como colocar um penso num arranhão», disse. «Existem crianças que vão querer um penso colorido para cada dor e ferimento, mas nunca vi um adulto viciado em pensos - apesar de já ter visto muitos adultos que querem um comprimido para cada doença.»
Sem comentários:
Enviar um comentário