Todos nos queixamos do stress. Quando as coisas correm mal no trabalho, em casa, até em situações de lazer (quando a praia está demasiado cheia), é usual dizermos que estamos “stressados”. Nunca se falou tanto de stress como nos dias de hoje e há quem diga que se trata de um fenómeno actual, porém; a associação entre o termo e as situações aflitivas advém do séc. XIV. O vocábulo entrou rapidamente no léxico de toda a gente, contudo, dizer que o utilizamos de forma correcta está longe de corresponder à verdade.
"Não tenho stress" é uma afirmação incorrecta, pois todos nós o temos. Especialistas defendem que esse sintoma é apenas um meio de defesa perante situações em que somos postos à prova. Ficamos em stress se estivermos em frente a um touro de 500 quilos, porque é isso que nos faz fugir e nos dá capacidade de resposta. Mesmo os toureiros mais bravos (ou os que melhor dominam o medo) ficam stressados ao ver sair um amontoado de puro músculo a correr em direcção a si. Não o demonstrando (e é isso que os distingue do comum dos mortais), conseguem dominar o stress e tourear os imponentes hasteados, que, por sua vez, só investem porque também estão stressados ou têm medo.
Em conversa com a VIP, a psicóloga clínica Telma Passos sustenta que não há definições “simplistas” para explicar um quadro de stress e que o mesmo é um aglomerado de sintomas.
"O stress pode ser considerado como uma reacção complexa que envolve transformações a vários níveis (bioquímicos, fisiológicos, psicológicos, comportamentais e sociais) resultantes da relação entre o indivíduo e o meio ambiente, ou seja, é uma resposta do ser humano perante um acontecimento do seu quotidiano, avaliado como uma dificuldade ou excedendo os seus recursos, podendo constituir uma ameaça ou colocar em causa o seu bem-estar. A resposta que cada indivíduo dá perante uma situação stressante depende de alguns factores como as características pessoais (personalidade) e a capacidade de lidar com o stress."
"Nem sempre o termo é bem aplicado. A especialista, que exerce no Hospital de Caxias, explica que o simples nervosismo não deve ser confundido com stress." Temos a tendência para usar e abusar da palavra stress quando muitas vezes não passa de uma situação incómoda ou até mesmo de um simples nervosismo, não implicando um desgaste extremo. O nervosismo pode ser considerado parte integrante da sintomatologia do stress, mas por si só não constitui stress”.
Stress positivo
Conforme foi referido, o stress pode ser positivo. É um dos mecanismos que a natureza nos deu para nos defendermos de situações de perigo. A entrevistada afiança, todavia, que uma situação de stress pode facultar-nos mais e melhores defesas no futuro.
"Stress positivo (ou bom stress), tecnicamente denominado por eustress, é aquele que tem resultados e consequências positivas, de acordo com a nossa forma de ser e de agir, criando condições de incentivo e motivação, e que, no futuro, permite uma melhor adaptação quando confrontados com uma situação parecida ou idêntica, podendo assim a resolução ter mais sucesso. Geralmente, quando utilizamos a palavra stress damos-lhe uma conotação negativa, no entanto pode ser agradável e contribuir para o nosso bem-estar."
É verdade, o stress também pode ser algo negativo, pois bloqueia e impede de atingir certas metas, mesmo as mais simples como conseguir cumprir as deathlines de entregas de trabalhos. O stress, angústia e ansiedade são sinónimos, revela. Contudo, numa situação de angústia (extrema) psicótica a pessoa pensa que não vai conseguir cumprir os prazos e que vai ser despedida, apedrejada, insultada, enfim, perde o controlo da situação.
COMO “CONTORNAR” O PROBLEMA
Um dos males do século XXI é o stress; ele tem o poder de nos deixar à beira de um ataque de nervos. Dores de cabeça, batimentos cardíacos acelerados, mau humor, choros, músculos doridos ou mãos frias e húmidas podem ser alguns sintomas. Mas diminuir os efeitos não é impossível, principalmente se adoptar algumas das nossas fórmulas anti-stress. Telma Passos adverte que “não existem fórmulas para combater o stress”. Contudo, “existem estratégias e técnicas que nos permitem adaptar, controlar e conviver com as situações stressantes que nos vão aparecendo ao longo da vida, não esquecendo que devemos utilizar estas situações, para enfrentarmos melhor as futuras: organizar melhor o dia-a-dia, dormir bem, fazer exercício físico e adoptar padrões alimentares mais saudáveis, são condições favoráveis para superar o stress”, conclui.
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